Fui no Digitalks Expo.23 e foi uma experiência inspiradora, babélica e muito agitada.
ÍNDICE DE CONTEÚDO
O que o Digitalks teve de melhor
De positivo, sem dúvida, é ter contato direto com a vanguarda do marketing no ambiente digital. Ouvir CMOs falarem do que estão fazendo nas maiores empresas do Brasil e se dar conta de que a tecnologia possibilita “quase tudo” é impagável.
Todas essas empresas, empresários e pensadores do marketing reunidos em um só evento nos dão a ‘big picture’ do que rola em nosso mercado, e nos permite olhar o futuro com mais possibilidades e ferramentas estratégicas nas mãos.
O Dado Shneider, por exemplo, trouxe em sua palestra um conteúdo fundamental para qualquer ação de marketing na atualidade: a compreensão da diferença entre as gerações – dos baby boomers à geração IA.
Uma palestra toda baseada em suas pesquisas acadêmicas, que usou muito bem o bom-humor e uma didática adaptada para aquele [barulhento] ambiente. No início e no final da palestra, por exemplo, ele não usou o microfone. Apenas com gestos, slides com conteúdo instigante e música, manteve a audiência vidrada. Inesquecível e extremamente útil no dia a dia de uma agência de marketing como a nossa.
Porém nem tudo são flores… a experiência foi bem caótica. No bom e no mau sentido.
Uma experiência “intensa” 😉
Começando pela fila de 1h30min pra entrar num evento de alta tecnologia (oi?), além das filas de 30min para comer alguma coisa. Sinceramente não entendi a demora no credenciamento já que as inscrições são prévias e o valor não é barato (cerca de 1649 reais). Muita empresa de viação de cidade de 3 mil habitantes já te deixa entrar no ônibus com um simples QR Code.
A pisada na bola gerou muita frustração conforme a galera perdia as principais palestras da manhã naquela quarta-feira quente.
Como eu e a nossa gerente de operações aqui da Agência Pomar ganhamos os ingressos da nossa generosa parceira Apiki, contivemos o chororô e aguardamos pacientemente a entrada. Você sabe: “cavalo dado…” 🙂 O jeito foi ocupar o tempo respondendo emails e se distraindo no App do evento. Mas se tivéssemos desembolsado os 3.298 reais dos 2 ingressos é possível que iríamos ressuscitar o meme e “xingar muito no Twitter”. Não julgo quem o fez.
Sobre as palestras e o conteúdo
Bom… num evento assim, a gente sempre tem que escolher a palestra que mais nos interessa em meio às dezenas de opções. Isso gera a mesma sensação de quando estamos escolhendo algo pra assistir no Netflix: mesmo ficando 40min zapeando você sempre acha que perdeu alguma coisa. Coisas da pós-modernidade líquida lá do bom velhinho Zygmunt Bauman… faz parte.
O conteúdo em geral se alternava entre palestras de alto nível – tanto conceitualmente como em termos de conteúdo, discussões, oratória e didática – onde tínhamos insights incríveis; e outras em que o palestrante estava lá só pra fazer um pitch de vendas do Produto/Curso/App dele.
O painel com as 3 heads de marketing da Latam Airlines, OLX e PagueMenos foi um exemplo do que eventos assim podem nos presentear. Saber o que se passa na cabeça dessas profissionais e no planejamento estratégico de marketing dessas empresas é muito importante pra gente aqui.
Elas fizeram inclusive uma discussão ótima sobre o que terceirizar para uma agência dentro do marketing de uma empresa. Sobre isso, a parte terceirizada varia bastante, dependendo do modelo de negócio, do quanto aquela operação faz parte do core da empresa e da intenção de investimento em equipe e estrutura.
Devo dizer que algumas palestras eram puro suco do submundo dos infoprodutores: cheias de ‘mecanismos únicos exclusivos’ que de novo só tem o nome chique e gatilhinhos mentais que ninguém aguenta mais.
Nas palestras boas, a gente lamentava o tempo curto de cerca de 30min. Nas ruins (poucas) a gente dava graças e partia pra próxima.
No próximo evento, é bom escolher o que ouvir com sabedoria: não apenas pelo tema, mas pelo palestrante também.
O barulho babélico nos auditórios ‘wall-less’
Independente da palestra ser boa ou ruim, ao redor sempre tinha MUITO barulho. Ruídos da feira mesmo, pois não havia paredes no evento todo. Os preletores tinham que disputar a atenção tanto com a torre de Babel que ocorria dentro do enorme galpão, como com as distrações visuais que ocorriam imediatamente ao lado dos ‘disruptivos’ auditórios wall-less. 😅
Sabe aquele filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”? Foi exatamente assim, mas ao invés de rir como no filme a gente tinha vontade de chorar.
Em defesa dos organizadores, é provável que eu não tenha curtido esse formato por estar bem na transição entre a geração X e Y. Ou seja, posso estar meio velho mesmo… (insight direto da maravilhosa e rápida palestra do Dado Schneider – que comemorou seu aniversário no evento). Com 43 anos a gente só quer uma cadeira acolchoada pra sentar, um café espresso bem tirado e ouvir o conteúdo da palestra com calma, digerindo devagar como aquilo se aplica à nossa realidade.
No geral, o Digitalks Expo é um evento hipertímico (você termina meio saturado de tudo aquilo), mas ainda assim importante por nos possibilitar fazer a imersão e sentir ao vivo o ecossistema digital brasileiro. Para mim, o que vale em eventos assim é a experiencia sensorial e, claro, o networking.
Sobre o conteúdo, sem dúvida tudo aquilo pode ser facilmente acessado pelo Youtube e através de alguns livros. Não digo das palestras em si, mas das novidades e informações que elas trouxeram.
Pesquisas rápidas na internet sobre os temas atuais do marketing entregam um conteúdo bem mais organizado. Além de você poder absorver no seu tempo sem precisar ficar horas em filas ou pagar 1649 reais + 140 reais de estacionamento… mas, claro, se eu tivesse ficado na cadeira do escritório não teria essa experiência para te contar.